quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A propósito de uma Exposição


1895
O TRIUNFO DE UMA VIDA
 ANTÓNIO DE MEDEIROS E ALMEIDA
1986


António de Medeiros e Almeida foi o mais dinâmico empresário do século passado, com múltiplos interesses nos Açores.

Construiu uma avultada fortuna sobretudo no negócio do ramo automóvel (introduziu em Portugal a marca inglesa Morris), aplicando grande parte desses proventos na aquisição de significativo número de obras de antiguidade do mais alto valor.

Constituiu uma das melhores colecções privadas de relógios a nível internacional, estando grande parte desse acervo exposto na Casa-Museu da Fundação Medeiros e Almeida, por si criada e instalada no palacete sua residência em Lisboa.

Homem de grande sucesso, é no entanto um desconhecido para a maior parte dos açorianos, mesmo micaelenses.

Foto gentilmente cedida pela Fundação António de Medeiros e Almeida

“ Em 1941, António de Medeiros e Almeida era já um prestigiado homem de negócios que geria com sucesso a sua firma de automóveis e os negócios açorianos herdados por morte do pai, em 1936. É também, desde essa altura, o gerente da União das Fábricas Açorianas de Álcool. Em 1941, entra como sócio para a Bensaúde & Co. Ltd., que passará a gerir como administrador delegado.
Durante os vinte e seis anos em que esteve à frente dos destinos deste empório açoriano, Medeiros e Almeida foi o responsável pelo grande crescimento económico da firma, conseguindo a proeza de gerir com sucesso, em simultâneo, vinte e uma empresas. Foi também o responsável por integrar no Grupo empresas como a Sociedade Açoriana de Transportes Aéreos (SATA), o Banco Micaelense, a Companhia de Seguros Açoreana, a Fuel Oil Station, a J. H. Ornelas & Cª, a Mutualista Açoreana, a Varela & Cª e a Sociedade de Carvão e Fornecimentos do Faial. A ele se ficou a dever o salto em frente do aeroporto da ilha de Santa Maria, inaugurado oficialmente em 1945, com a construção de 19 tanques de armazenamento de combustível e a contratação de pessoal habilitado para fazer a movimentação e a assistência das aeronaves.
Filho de açorianos, nascido em 1895 (o pai era médico) num meio social abastado da capital na época do desmoronamento da Monarquia, atravessa a Primeira República, o Estado Novo e a agitada transição para a democracia. Aos 13 anos, testemunha o Regicídio, dois anos depois, em 1910, o golpe de Estado do Partido Republicano e, ainda, os golpes militares que deram origem à ditaduras de 1926 a 1933 e do Conselho da Revolução de 1975 a 1982.
Conservador mas livre, e politicamente independente (tanto quanto se poderia ser), António de Medeiros e Almeida afirmou-se naquilo que hoje se chama “diplomacia económica”, se tivermos em conta as relações internacionais intensas de ordem comercial que desenvolveu, abrindo caminho e apontando oportunidades que visaram dar a sua contribuição para o alcance de objectivos económicos nacionais de bem-estar e competitividade.
A presente exposição temporária mostra, em síntese, uma parte do acervo documental existente sobre a vida e obra de António de Medeiros e Almeida, que poderá, no futuro, ser objecto de investigação no âmbito dos estudos interdisciplinares do século XX, uma vez que ele próprio participou activamente na nova realidade económica, social e cultural nascida no inicio desse século.” (Texto extraído do Catálogo da Exposição).

Tivemos a sorte de ser convidados para a abertura desta excepcional exposição a 26 de Setembro pp,(e de estar em Lisboa nessa data).

De louvar o cuidado esmero na montagem da presente exposição, bem assim o belíssimo catálogo do evento.
J.B.B.

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