Novo trabalho de Jácome de Bruges Bettencourt

Acabamos de receber, em separata do Boletim do Núcleo Cultural da Horta, mais um interessante trabalho de Jácome de Bruges Bettencourt. Trata-se, pode dizer-se da 1ª parte dum inventário da notável colecção de móveis antigos reunida na cidade da Horta por Francisco Joaquim Martins de Bettencourt (1919-2006), sobretudo em meados do Século XX altura em que adquiriu maior número de peças naquela Ilha.

Francisco de Bettencourt

Foto Jovial.Horta.1999

Para Jácome de Bruges “estava na altura de se poder inventariar o espólio deixado por Francisco de Bettencourt falecido há quatro anos e assim ajuizar sobre o mobiliário que se conheceu na Ilha do Faial nos últimos três séculos”.

“Para a presente obra seleccionei cerca de 60 peças, e no próximo trabalho, a publicar em 2011, mencionarei mais 120 móveis do maior interesse”, acrescentou.

Em relação a outras colecções existentes no Faial “existiram alguns coleccionadores, como o Comendador Eduardo Bulcão, o professor Manuel Dionísio, o Padre Júlio da Rosa e Francisco de Bettencourt, sobressaindo notoriamente o último acervo em qualidade e quantidade” afirma.

Para o autor, que se preza de ter nascido na Ilha do Faial, “sem dúvida que a de F. de Bettencourt era a mais ecléctica, mas não quer dizer que as outras colecções tivessem menos interesse, aliás conheci pequenos conjuntos ou peças isoladas na posse de algumas famílias do Faial, sobretudo na Cidade. No entanto, como é natural, fragmentaram-se nas heranças ao serem divididas para partilhas ou saíram da Região por adquiridos por gente que nada tem a ver com os Açores”, frisou.

Armário oratório pintado. Séc. XVII.

Móvel açoriano em madeira de cedro, colecção de Francisco Bettencourt - Horta

Para Jácome de Bruges Bettencourt “a política que o Governo Regional pretende impor de classificar e dificultar a sua venda para fora da Região tem muito que se lhe diga. Concordo que se classifiquem peças excepcionais de valor histórico - patrimonial, mas há a questão ética – moral de não prejudicar quem se sacrificou vidas inteiras e se privou de muita coisa para preservar essas peças”, afirmou.

“Não nos esqueçamos que não foram os políticos ou os museus estatais que fizeram colecções. Foram todas reunidas por particulares, basta lembrar-nos de um Comandante Ernesto de Vilhena. Os senhores dos museus, salvo raríssimas excepções, sabem pouco do assunto, para além de sua falta de sensibilidade…”rematou.