José Silvestre Ribeiro

Soldado, magistrado, escritor, nasceu José Silvestre Ribeiro em Idanha-a-Nova, em 31 de Dezembro de 1807.

Alistou-se, em 1826, no Corpo Académico, emigrando para Espanha. Em 1828 foi para Paris, onde seguiu os cursos de História, filosofia e Literatura. Saindo os emigrados para Dol, por alguns meses se empregou como professor dos filhos de um proprietário francês, onde esteve até á organização pelo Duque de Bragança, da expedição que, de Belle-Isle, se dirigiu à ilha Terceira, incorporou-se no Batalhão Académico. Passando à ilha de S. Miguel e daqui para o continente português. Desembarcou nas praias do Mindelo em 1832, fazendo parte do exército libertador dos 7.500 bravos.

A 7 de Julho de 1834 o liberal José Silvestre Ribeiro é nomeado secretário-geral da prefeitura da província da Beira Baixa.

Na administração pública ocupou vários cargos:

Nomeado a 25 de Julho de 1835, Secretário do Governo Civil de Castelo Branco; Administrador Geral interino de Portalegre no ano de 1837 e do Distrito de Angra do Heroísmo a 28 de Setembro de 1839; Governador Civil de Beja em Maio de 1846; Ajudante e Secretario do Comissário Régio na ilha da Madeira, José de Ávila, depois Duque de Ávila e Bolama.

Foi deputado em várias legislaturas: A primeira vez por Angra do Heroísmo, de 2 de Janeiro a 23 de Maio de 1846, data em que foi dissolvida a Câmara dos Deputados; Pelo Funchal de 2 de Janeiro de 1853 a 20 de Julho de 1856; Novamente pelo Funchal de 2 de Janeiro de 1857 legislatura terminada por dissolução a26 de Março de 1858; Pelo circulo eleitoral de Angra do Heroísmo para a legislatura iniciada a a 7 de Julho de 1858 e terminada por dissolução 23 de Novembro de 1859.

Foi vogal da comissão de inquérito às repartições de Marinha, por decreto de 5 de Abril de 1854, tendo exercido o cargo na comissão encarregada de apresentar um projecto de lei tendente a levar a efeito a construção dos caminhos municipais e vicinais, por decreto de 9 de Novembro de 1854.

Nomeado Conselheiro de Estado a 2 de Dezembro de 1856. Secretário de Estado da Justiça e Ministro dos Negócios Eclesiásticos a 7 de Dezembro de 1857. Em 8 de Junho de 1859 é novamente vogal da comissão encarregada de promover socorros em benefício dos habitantes pobres dos distritos da Horta e de Angra do Heroísmo, na crise alimentícia que estavam sofrendo. Voltou a sê-lo, 16 de Abril de 1862, da comissão incumbida de apresentar no Governo uma proposta com bases para a reforma do código administrativo, submetida a aprovação do corpo legislativo a 21 de Janeiro de 1864.

É nomeado, a 22 de Novembro de 1866, presidente da comissão para consultar o estado das sociedades de socorros mútuos; da comissão de inquérito à Alfandega de Lisboa, por decreto de 11 de Janeiro de 1867; da direcção do Montepio Oficial, de 8 de Agosto de 1867 até 1878; da comissão de exames de instrução secundária na 1ª circunscrição, sendo anualmente e sucessivamente nomeado para este cargo até 1880.

Foi nomeado, a 30 de Maio de 1875, vogal efectivo do Supremo Tribunal Administrativo. Par do Reino por carta régia de 29 de Dezembro de 1881, cujo lugar tomou posse a 31 de Janeiro de 1882.

Pelo denodo e bravura que manteve na defesa heróica da serra do Pilar, onde esteve oito meses, foi nomeando Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada do valor, Lealdade e Mérito.

Decorridos os oito meses na serra do pilar foi convidado a fazer parte da redacção da Crónica Constitucional do Porto, porém, partindo e expedição para o Algarve pôde Silvestre Ribeiro acompanhá-la, atravessando esta província e a do Alentejo para entrar em Lisboa, no dia 24 de Julho de 1833.Nesta cidade comandou a artilharia do forte de S. João que batia as forças miguelistas.

Pelos serviços prestados como secretário da Administração Geral de Castelo Branco é nomeado a 28 de Dezembro de 1836 Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Jardim José Silvestre Ribeiro

Quando do terramoto que a 15 de Julho de 1841, arrasou a Vila da Praia da Vitória e freguesias vizinhas da Ilha Terceira, foi José Silvestre Ribeiro que na qualidade de Administrador Geral do distrito de Angra do Heroísmo, ocorreu com prontas providências e incutindo ânimo às populações vitimas desse tremendo cataclismo. Quando desfaleciam todas as forças e o desânimo se apoderava do povo que pensou em abandonar de todo a Vila, surge a figura gigantesca deste magistrado e grande evangelizador, que diz: “Ficai no vosso lar, hoje há as ruínas, mas amanhã a Vila da Praia da Vitória há-de erguer-se mais formosa que outrora”.

Foi, também, Silvestre Ribeiro o iniciador e principal promotor do monumento à memória de D. Pedro IV em Angra do Heroísmo, pelo que foi louvado por portaria de 12 de Julho do mesmo ano.

Em 8 de Novembro de 1848 foi autorizado a aceitar a nomeação da Coroa de Carvalho, com que havia sido agraciado em 27 de Setembro anterior, pelo Governo dos Países Baixos, e em 23 de Novembro de 1849 é agraciado pelo Imperador da Rússia com o título de cavaleiro da Ordem Imperial e Real de Santo Estanislau de primeira classe.

Quando Governador Civil do distrito do Funchal, os habitantes da ilha da Madeira entregaram à Câmara Municipal desta cidade, em 29 de Março de 1852, um rico colar de ouro para ser oferecido ao Conselheiro José Silvestre Ribeiro, entregue solenemente a 4 de Abril seguinte.

Pelos povos da ilha Terceira, de quem havia sido Governador Civil, foi-lhe entregue um espadim de honra, a 23 de Março de 1853, fabricado por artistas terceirenses., contendo os copos, punhos e guarnições de ouro, ostentando a figura de Angra do Heroísmo, que tem sobre a cabeça as armas da cidade e ao lado um açor, com várias legendas nos punhos das quais se destaca esta: reedificação da Vila da Praia da Vitória; e nos copos a seguinte dedicatória:

Ao Ex mo. Conselheiro José Silvestre Ribeiro os terceirenses agradecidos.

Este espadim foi, por seu falecimento, legado à Câmara Municipal do Funchal.

Por decreto de 15 de Março de 1864 foi-lhe oferecido a medalha nº 9 de D. Pedro e D. Maria, e em 1867 fizeram-lhe a mercê da Comenda da Ordem de S. Tiago, de mérito científico, literário e artístico, que renunciou.

Em 1876 fundou uma outra biblioteca popular na Vila da Praia da Vitória e falecendo em 1891 deixou ao respectivo município a sua valiosa livraria com alguns milhares de volumes. Integrada na biblioteca municipal, a quem foi dado o seu nome em 1907, por ocasião da comemoração do centenário do seu nascimento.

Em 31 de Dezembro de 1879 a Vila da Praia da Vitória inaugura um monumento.

José Silvestre Ribeiro casou em Angra do Heroísmo com D. Maria da Glória Nogueira Sampaio, irmã do ilustre médico, professor e escritor José Augusto Nogueira Sampaio, que foi director do Observatório Meteorológico daquela cidade.

Falece, a 9 de Março de 1891, em Lisboa.

Fonte: Açores 1923