quinta-feira, 10 de maio de 2012

Deputada "Açoriana" na Assembleia Popular da China


(foto: Ling na Terceira, in Revista Macau)

Paula Ling nasceu em Zhejiang (China), cresceu nos Açores e vive há três décadas em Macau. É a primeira deputada da Assembleia Popular Nacional Chinesa a dominar a língua de Nemésio. Aprendeu a ler e a escrever em português na Praia da Vitória, na Ilha Terceira.

O pai, antigo oficial da Marinha, e já depois de criada a República Popular da China, decide estabelecer-se nos Açores como comerciante, onde estava já radicado um cunhado. Paula acaba por fazer a instrução primária na Vila da Praia da Vitória.

"Na década de 60 do século passado, a vida era muito pacata na Praia da Vitória. Havia muito pouca coisa para fazer. As pessoas passavam o tempo entre o trabalho e casa ou os estudos e casa. Não tínhamos muitas belezas naturais, mas havia muitas pastagens, vaquinhas, leite fresco, boa carne. Para uma jovem não era uma terra atraente. A sociedade era muito fechada, as raparigas namoravam a partir da janela. Passei a minha infância fechada em casa, o meu pai, que era muito conservador, não gostava que saísse. Não era uma adolescente muito sociável”, comenta Paula Ling. "Na Praia da Vitória não havia na altura liceu, era preciso ir a Angra do Heroísmo fazer os exames. Estudava em casa, tinha explicações. Foi assim que fiz do primeiro ao quinto anos. O sexto e o sétimo anos já foi em Angra da Heroísmo”, recorda. Ainda no Arquipélago conheceu o magistrado e escritor Rodrigo Leal de Carvalho, que anos mais tarde veio a reencontrar em Macau. Era o senhorio da Família.

Foi pela primeira vez a S. Miguel no passeio de finalistas e só visitou o Faial anos mais tarde, quando era professora na Praia da Vitória. “Não conheço todas as ilhas. Um dia ainda vou conhecê-las”, garante. Gosta de regressar aos Açores de férias, onde já só tem dois primos. O pai viveu os últimos anos da sua vida em Macau, onde se tinha fixado um dos seus três filhos. Com efeito, a Família só regressaria à terra natal 20 anos volvidos.

(fonte: entrevista de Gilberto Lopes, "Uma Açoriana no Palácio do Povo")

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