segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Grupo Folclórico “Fontes da Nossa Ilha”



Fundação: 1985. Fundadores: Daniel Nunes, Adelino Ávila, João Marques, José Pereira e José Leal. Região Etnográfica: Açores. Danças Tradicionais: Olhos Pretos, Pezinho Bravos, Chamarrita. Trajes: Domingueiros, Leiteiro, Ceifa, Pastor, entre outros.

Representações nacionais e internacionais: Ilha de São Jorge, ilha Graciosa, Centro de Portugal (Cascais, Águeda e Moimenta da Beira), Estados Unidos da América e Espanha.
O grupo Folclórico “Fontes da Nossa Ilha” teve a sua origem na Casa do Povo das Fontinhas, com a designação de “Grupo Regional da Casa do Povo da Fontinhas”, sendo fundado a 5 de Setembro de 1985. A sua estreia aconteceu a 29 de Maio de 1986 na sociedade Filarmónica União das Fontinhas.
Em 1989, o grupo constitui-se em Associação e vai sediar-se na antiga sede da Filarmónica local, gentilmente emprestada pela Sociedade Musical União das Fontinhas. A partir de então o grupo, com estatutos próprios, passa a denominar-se Grupo Folclórico Fontes da Nossa Ilha, numa alusão à freguesia a que pertence – Fontinhas.
A designação de Fontinhas advém das inúmeras fontes de pequeno curso que existem na freguesia, sendo a sua paisagem dominada por uma vasta extensão de ladeiras e pomares, onde o verde sobressai. Outrora grande produtora de fruta, a freguesia das Fontinhas, sobranceira à serra do Cume (um dos pontos mais visitados na ilha Terceira), insere-se numa área conhecida como Ramo Grande, onde se destaca a arquitectura característica desta zona.
Na génese das gentes desta freguesia, como de todo a ilha, estão gravadas várias manifestações culturais, que remontam à época do povoamento da ilha, muitas delas portadoras de características medievais Os povoadores transplantaram do continente para as ilhas maneiras de viver, de conviver, de estar e de encarar a realidade. Estes modos de vida foram inevitavelmente alterados, em alguns aspectos, e mantido noutros, mediante as paisagens, o isolamento e os condicionalismos climatéricos e geológicos, com que se depararam ao conhecerem estas ilhas. Inevitavelmente a geografia humana prolongou-se numa geografia física diferente, deixando as suas marcas nas vivências dos açorianos.
Conscientes da rica herança cultural, o grupo folclórico “Fontes da Nossa Ilha” tenta, com o maior rigor possível, divulgar os cantares, dançares e costumes desta ilha, tendo recriado, por diversas vezes, ambientes e contextos que poderão estar em sérios riscos de desaparecer ou que já desapareceram (é o caso do tratamento da lã para a confecção de vestuários, desfolhadas, do cantar do terço “à moda das Fontinhas”, entre outras).
Os trajes que os elementos do grupo envergam baseiam-se em várias recolhas, tendo por base fontes orais e pesquisa bibliográfica. Este grupo possui réplicas de peças com mais de 100 anos, bem como algumas peças de vestuários com essa idade.
Esse grupo envergou por um exaustivo trabalho de pesquisa para poder apresentar os seus trajes. Se por um lado o recurso à bibliografia existente sobre o traje terceirense foi uma realidade, por outro foi levado a cabo um trabalho de campo, junto de pessoas idosas ou de pessoas com alguma formação no assunto, a fim de obter o “retrato” mais fiel possível do traje terceirense dos nossos antepassados.
Saliente-se que o trabalho de campo constituiu o principal meio para observar, estudar e reproduzir algumas peças de vestuário antigo, que pertencem a particulares e que foram usadas pelos seus antepassados. Houve, contudo, peças cedidas ao grupo folclórico, representando, para este, uma grande riqueza e um maior contributo para a divulgação cultural da nossa localidade e da nossa ilha.
O grupo evidencia esforços no sentido de dignificar no passado, no presente e no futuro, o nome da freguesia das Fontinhas e de toda a Ilha Terceira.
Um dos seus contributos foi o lançamento do seu primeiro CD, constituído por 8 modas, em 2005 no âmbito de uma homenagem aos seus fundadores. Na verdade, a música popular açoriana, tem apresentado alguns desafios aos especialistas, pois possui particularidades muito interessantes e muito próprias. De facto pode-se observar, em várias melodias, características declaradamente portuguesas e até afro-americanas, a maioria mesmo acusa uma característica própria que se adequa perfeitamente à psicologia da gente dos Açores, a qual, por sua vez, se terá ressentido do clima e do isolamento das populações rurais.
Em prol da cultura da nossa ilha, continua o seu trabalho de pesquisa e divulgação dos usos e dos costumes, procurando dar a conhecer às gerações actuais e às vindouras um modo de viver e de estar que caracterizou os terceirenses do passado. Com este objectivo pretende, que a sua presença no folclore terceirense transmita a alegria dos nossos antepassados, dignificando a herança que deles recebemos.
O grupo evidencia esforços no sentido de dignificar no passado, no presente e no futuro, o nome da freguesia das Fontinhas e de toda a Ilha Terceira.

Por: Leandro Ávila (GFFNI)

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