sábado, 17 de julho de 2010

Procissão de Nossa Senhora do Carmo


Por Francisco Dolores *

Vamos percorrer o tradicional giro da Procissão de Nossa Senhora do Carmo, que sai, no dia 16 de Julho – este ano, Sexta-feira – pelas 18h30 horas, da Igreja do Colégio, como se faz desde 1804. Anterior a essa data, saía da Igreja da Misericórdia, ali no Pátio da Alfandega, onde se fundara a Ordem do Carmo, em 1768.
Os eremitas da “Vinha do Senhor”, tal como a expressão em hebraico nos quer dizer, foram expulsos da Palestina, no século XIII, pelos Sarracenos, que então dominavam a Terra Santa.
Mas da Inglaterra, mais propriamente, de Cambridge, desde 16 de Julho de 1251, que esta data é memorável, pelo “Escapulário” concedido a São Simão Stock e se estendeu a todo o mundo cristão, sobretudo no Ocidente.
O Condestável do Reino, Nuno Álvares Pereira, herói de Aljubarrota e hoje - desde 26 de Abril de 2009 - São Nuno de Santa Maria é o carmelita português, que mais se notabilizou, não tanto pelas vitórias militares, mas pela generosidade para com os vencidos e para com os pobres de Lisboa, a que hoje poderemos chamar “dos sem-abrigo”.
Numa época de crise de valores e de identidade cristã, sair do recato de um lugar de culto e vir para a rua, em Procissão, é bem um santo atrevimento, perante um laicismo, dito de pós modernidade, que a todos nos está empobrecendo. Mais do que a Procissão precisamos da generosidade carmelita, perante as carências espirituais, materiais e morais do tempo que estamos a viver.


Esta procissão, que se repete no próximo Domingo na Terra Chã e em muitas outras localidades e Ilhas dos Açores, atesta a projecção histórica desta Ordem, no Povoamento e na formação e educação das gentes das nossas Ilhas.
A de Angra, que cada vez mais a sentimos esvaziar-se, não pode ser apenas Património Mundial do muito do esforço dos que a reconstruíram materialmente após o Sismo de 1 de Janeiro de 1980. O nosso património espiritual não pode ser ignorado. Nem muito menos as pessoas que são chamadas a viver os valores espirituais das suas convicções.

* Publicado no jornal a União de 14 de Julho de 2010

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