quinta-feira, 4 de março de 2010

Romeiros - a Fé que não vacila (3)


Freguesias da Serreta e do Raminho.

Passados quinhentos anos, de tormentas vulcânicas, de mar revolto e de enxurradas, que de novo nos aparecem, a recordar “os Invernos de antigamente”, as Romarias ganham folgo, à roda de São Miguel Arcanjo, na pequena Graciosa de Santa Cruz (há 11 anos) e na Ilha Terceira de Jesus, que vai na IV Romaria dos nossos dias.

Arrostando afrontas e, por vezes, incompreensões, chegaram a estar proibidos de entrar em algumas localidades. Na Primeira República, os poderes de então procuraram “interditar a sua realização no conturbado período de 1911 a 1918. Mas os açorianos, dada a sua religiosidade inquebrantável, revoltaram-se contra as leis aberrantes que proibiam as romarias, frisa Moniz Jerónimo.” (Confira: A Irmandade dos Romeiros, Outubro 2006 – pág. 39).




Na Segunda República “surgiram curiosas proibições, como a de atravessar povoações a cantar durante as manhãs, para não acordar os moradores, ou a impossibilidade de pernoitar em Ponta Delgada.” (ibidem) Mas ninguém fez parar esta intuição natural dos açorianos de serem “Romeiros do Infinito”, em busca da Pátria, que não se confina nos horizontes da mesquinhez humana, e se alarga para além na da Transcendência divina.


Neste Ano Sacerdotal, bem nos fica a memória de um sacerdote, Padre José Jacinto Botelho (1876 – 1946), o primeiro que se integrou num rancho de romeiros e que impulsionou as romarias naquela Ilha do Arcanjo, como acto de fé, de cunho mariano, tendo composto muitos dos cânticos que ainda hoje se usam.
Os Bispos D. Manuel Afonso de Carvalho, D. Aurélio Granada Escudeiro e D. António, tiveram, no último meio século, a solicitude pastoral de encorajar tais romarias quaresmais, através dos seus estatutos, aplicados a todas elas,


Estes dias, o Grupo de Romeiros do Santuário, percorre as estradas da Ilha Terceira, com mais de quarenta romeiros, da Ilha, nove da Graciosa e um vindo do Canadá. Quem por bem se abeirar deles, não tenha medo de lhes pedir uma Ave-Maria, com a tradicional pergunta “quantos são?”, que o Procurador das Almas lhes dirá e tomará nota, ficando quem lhes fez o pedido com a responsabilidade de rezar igual número de Avé-Marias.

Texto publicado (Romarias quaresmais) por Francisco Dolores no jornal a União dia 04 de Março de 2010.









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