segunda-feira, 18 de março de 2019

Manuel Lamas publica novo livro



No passado dia 11 do corrente mês, decorreu nas instalações da mítica e histórica Livraria Ferin, ao Chiado, uma das poucas da especialidade que ainda subsistem em Lisboa, o lançamento e apresentação do livro "A Ordem Militar de Avis Revisitada (1515-1538) Um alheado entardecer", da autoria de Manuel Lamas de Mendonça, que constituiu a sua prova de doutoramento, defendida em 02.07.2008 na Universidade Lusíada de Lisboa.


A “Ordem Militar de Avis Revisitada” constitui a mais profunda e diversificada investigação feita até hoje sobre esta milícia. Em 674 páginas, Manuel Lamas de Mendonça parte da conjuntura político-militar que justificou a criação dos “freires de Évora” pelo primeiro monarca Português. Para tanto, o autor tomou como cerne da investigação os mais de mil fólios inéditos que descrevem minuciosamente as visitações, efectuadas por ordem do Mestre Dom Jorge, filho do Rei D. João II, entre 1515 e 1538. Estas fontes permitem reconstituir um inesperado estado da arte no que se referia às comendas alentejanas às quais havia sido atribuída a missão da defesa das rotas possíveis de invasão estrangeira ao longo das bacias dos rios Tejo e Guadiana, com destino a Lisboa e Santarém. E, surpreendentemente, os documentos estudados traçam o retrato físico e moral de uma Instituição que, mantendo ainda os traços simbólicos fundacionais de Ordem Religiosa e Militar, havia abandonado já qualquer veleidade de vocação castrense, como nitidamente se documenta pela exiguidade dos efectivos, vetustez da palamenta militar e degradação, ou mesmo ruína, das respectivas fortificações, já em pleno período pirobalístico. Esta obra descreve com rigoroso pormenor um senhorio relativamente modesto, a sua demografia, o que cultivava e como, quanto rendia e como se distribuíam as rendas. Mas também as circunstâncias políticas advenientes do testamento do Príncipe Perfeito, que uma vez impossibilitada a legitimação do seu filho natural D. Jorge, e sua subsequente e projectada integração na linha sucessória do trono Português, aconselhavam o monarca a tomar providências em relação ao estatuto futuro deste seu filho natural. Precisando que a tentativa de o colocar na linha sucessória nunca se chegou a concretizar devido aos obstáculos semeados pelo esforço conjunto dos Reis Católicos, das casas Ducais de Beja- Viseu, e dos próprios Habsburgos, e descrevendo como passava a ser imperioso que D. João II protegesse política e senhorialmente aquele a quem destinava o Ducado de Coimbra e os Mestrados das Ordens de Cristo, Avis e Santiago. Na prática, o Senhor Dom Jorge, se o testamento régio não tivesse sido interpretado (e executado) com prudentíssima sagacidade, ter-se-ia convertido num verdadeiro contrapoder enquistado na monarquia manuelina. Desta obra retiram-se elementos que documentam até ao mais ínfimo pormenor a arquitectura religiosa e civil contida no património das Comendas analisadas, e dados importantes para a história agrária do século XVI. Finalmente, descreve-se a colonização das Ordens de Avis e Santiago pelos Furtado de Mendonça, família materna do Mestre Dom Jorge, e o alheamento da espiritualidade e práticas religiosas da Ordem Militar de Avis perante os espasmos da Reforma e contra-Reforma que, nesse preciso momento, começavam a dilacerar a Europa.

Este trabalho, que é uma edição de muito escassa tiragem (200 exemplares), constitui uma obra obrigatória para quantos prezam o aprofundar do conhecimento da História de Portugal em geral e da História das Ordens Militares Portuguesas em particular.


Presentes no evento encontravam-se Dom Duarte, Duque de Bragança, Francisco de Bragança Van Uden, João Távora, Professora Doutora Cristina Pimenta da Universidade do Porto, que simultaneamente representou por motivo de doença o Professor Doutor Luís Adão da Fonseca, da Universidade do Porto e eda universidade Lusíada do Porto, responsável científico por este trabalho, mas ambos orientadores desta tese de doutoramento, que teve ocasião de tecer palavras de excepcional apreço e merecimento pelo trabalho ora apresentado, bem assim pessoalmente pelo autor, cujo enriquecimento cultural se lhe reconhece a todos os níveis, António de Matos e Silva, que fez a apresentação da Obra, General Luis de Sequeira, ex-Secretário-Geral do Ministério da Defesa Nacional, Robin de Andrade ex-Secretário de Estado das Finanças, Professor Engenheiro Alfredo Cunhal, da Universidade de Évora, Alfredo Magalhães Ramalho, bibliotecário da Universidade Católica, que é actual chairman da casa Veva de Lima, Dom José de Herédia, Marquês de Arena, Marquês de Rio Maior, Conde do Lavradio, Conde de Nova Goa, Conde das Alcáçovas, Conde de Mesquitella, Conde de Matosinhos e São João da Foz, João Goulart de Bettencourt, José Cid e senhora, D. Gabriela Carrascalão Cid, Segismundo Ramires Pinto, José Carlos Ramalho, Jácome de Bruges Bettencourt, Cônsul da República de Cabo Verde nos Açores e senhora, D. Fernanda Bettencourt, João Cortesão, os irmãos José Carlos e Aníbal Freire Correia e muitos outros amigos de Manuel Lamas de Mendonça que o quiseram acompanhar neste dia, e foram mais de oitenta, em que lançou mais uma obra histórica notável, sem esquecer o permanente apoio familiar da mulher Joãozinha Rivotti, do filho Fernão, bem assim da sogra, D. Maria João Rivotti. Esta obra, em edição de autor, teve a chancela e apoio da Fundação Dom Manuel II e da Causa Monárquica. Acrescente-se, ainda, o facto de o livro se ter praticamente esgotado em menos de uma semana após esta apresentação. Manuel Lamas de Mendonça foi nos anos oitenta Director Regional dos Assuntos Culturais, em Governo Regional do Presidente Mota Amaral, pelo que conta muitos amigos na Região Autónoma dos Açores.

João Manuel de Moraes Lamas da Silveira de Mendonça, nasceu em Lisboa (S. Cristovão e S. Lourenço) a 23.03.1947, vivendo parte da adolescência em Coimbra, onde seu pai, agrónomo, era professor e director da Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra e sua mãe professora do ensino secundário. Fez os estudos secundários nos Jesuítas, enveredando seguidamente pelo jornalismo, habilitado com curso tirado em Paris no Centre de Formation de Journalistes et Cadres de Presse.

Como militar serviu em África, sendo ferido em combate com gravidade em feitos que lhe valeram uma Cruz de Guerra. Possuía a especialidade de Comandos, sendo reformado como Oficial Superior de Infantaria. Voltou, múltiplas vezes, a África, aos países de expressão portuguesa, como Director-Geral da Sociedade Unificada de Tabacos (Tabaqueira) e depois como Presidente do Conselho de Gerência da mesma empresa (1995). Licenciou-se com elevada classificação em História e Doutorou-se em História Medieval, com 19 valores, complementando tal com Pós-doutoramentos. Publicou livros de várias temáticas, como poesia, romance e sobretudo de natureza histórica e genealógica. Parabéns Manel! E cá ficamos à espera dos próximos labores.

Ponce de Leão
Fotos: Fernando Corrêa dos Santos

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