sexta-feira, 16 de maio de 2014

Via Sacra - caminho mais longo



Numa iniciativa da Diocese de Angra, 14 artistas plásticos foram convidados a interpretar os 14 quadros da Via Sacra. Estes novos trabalhos passaram a estar em exposição permanente e ao culto a partir do dia 18 de Abril de 2014, Sexta-feira Santa, na Sé Catedral de Angra do Heroísmo. Os títulos de cada quadro e os seus autores são os seguintes: Jesus é condenado (José Nuno da Câmara Pereira), carrega com a cruz (André Laranjinha), cai pela primeira vez (Luís Brilhante), encontra a sua mãe (Luís Pinheiro Brum), é ajudado por Simão de Cirene (Victor Almeida), a Verónica limpa o rosto de Jesus (Nina Medeiros), e Ele cai pela segunda vez (Diogo Bolota). Pela outra nave, de quem entra pela direita, continua o caminho da paixão de Cristo e da humanidade, no encontro de Jesus com as mulheres (Paula Mota), na terceira queda (João Deq Mota), no despojamento das suas vestes (Rui Pereira de Melo), Jesus é pregado na cruz (André Almeida e Sousa), morto (Luísa Jacinto), entregue a sua mãe (Urbano) e sepultado (Carlos Carreiro). 

Um dos intervenientes, Luís Brum, descreve assim a sua abordagem ao encontro de Jesus com a sua mãe, Maria: 


"O Quarto Quadro, Jesus encontra a sua mãe, é sem dúvida uma cena desafiante. Este quadro olha para Jesus e Maria e encontra neles a dor da separação entre a mãe e um filho. Pois podemos dizer que nenhuma mãe entregará, de livre vontade, o fruto do seu ventre ao sofrimento, e por fim, à morte. Será que a dor que esta mãe sentiu mudou com o tempo. Ou continuam a existir mães que vêem os seus filhos a serem sacrificados em nome dum mundo que continua a ser demasiado cruel? Quão diferente é esta violência daquela praticada pelo chamado Mundo Ocidental, um mundo evoluído, baseado em valores cristãos, a civilização dos discípulos de Cristo?

Olhando para as imagens que em demasia abundam nas noticias, vemos que continuam a existir oprimidos, marginalizados e sofridos e , por fim, continuamos a ver as mães destroçadas, sofridas, com rugas lavadas em rios de lágrimas. Mais sacrifícios em nome de ideologias, demasiadas vezes religiosas, onde a realidade contradiz os ensinamentos destas. Portanto podemos ver como continuam a existir mães e filhos que sofrem, sacrificam-se e morrem pelos nossos pecados."


2 comentários:

Luís Henriques disse...

Gostei imenso deste quadro por vários motivos... para além do título, claro. O principal foi porque quase diariamente "esbarrava" com ele à saída do Cartório. Mas esta aparente saturação visual aparecia a cada dia renovada pela mensagem, que muito bem descreve, nele estampada.
Parabéns por esta obra.
LH

Bagos de Uva disse...

Agradeço as simpáticas palavras referentes ao trabalho do meu filho Luís Pinheiro Brum.
LMB