sexta-feira, 5 de julho de 2013

Ciclo do Touro (2)

O anterior

As Touradas na Ilha Terceira

Cabouco do Cume - 1967

“Sempre foi grande o gosto dos portugueses pelas touradas, e assim não admira que os primeiros povoadores as trouxessem para os Açores. Falando da Ilha de S. Miguel diz, na segunda metade do século XVI, Gaspar Frutuoso nas saudades da Terra, que «os homens também se desenfadavam em ver pelejar touros na praça ou em algum campo tapado;» e as Constituições do Bispado de Angra de 1558 proibiam aos clérigos tomar parte em touradas e que elas se realizassem nos adros das igrejas, embora, anteriormente, houvessem servido de corro onde se jogava e bailava. 
Disposições semelhantes encontram-se, porém, nas Constituições de outros Bispados, tanto anteriores como posteriores às de Angra, e eram talvez resultado da animadversão da Igreja a tal divertimento: Realizaram-se noutras ilhas do arquipélago além da Terceira.
Uma postura da Câmara Municipal de Ponta Delgada de 8 de Junho de 1870 proíbe aos carniceiros correrem os touros antes de os matar, proibição igual à de umas posturas da Câmara de Angra de 1655 e à contida nas Ordenações Filipinas (L.I.T.68, g 7.º), porque, dizem estas, «de tal correr se apostem a carne e o fazem para pesar mais». 
No Faial uma postura da Câmara da Horta no século XVIII proíbe ir ao mato buscar gado e corre-lo, sem licença do Quadrilheiro da Serra.
Em todas as Ilhas foi o costume caindo em desuso e hoje só na Terceira há touradas. Para isso deve ter contribuído a abundância de gado bravo. À predilecção dos terceirenses pelo divertimento alude Luz Soriano no século XIX - «As Cavalhadas e os combates de touros são as funções que mais entusiasmo produsem na Terceira, sem distinção de classe ou gerarquia »  (…)
In Luís da Silva Ribeiro - Etnografia Açoriana 
Continua

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