sábado, 8 de junho de 2013

Rótulos (8)


Proprietário: Mercearia “Faria da Estrela”, Rua Serpa Pinto, Horta, Ilha do Faial.
Rótulo: 10,6cmx14,5cm, usado nas garrafas de “Andaia”, produzida e vendida pelo proprietário da antiga mercearia, João Silveira de Faria.
Colecção: Luís Mendes Brum

A Andaia

Por: Nuno Santos Costa

A “andaia” é um licor que se obtém a partir da destilação de um vinho de boa qualidade e que tem a graduação de 41º a 42º centesimais, a que correspondem cerca de 17 graus da escala Cartier.

Não se sabe ao certo a origem desta bebida, embora Félix José da costa, na sua Memória estatística e Histórica da Ilha Graciosa, editada em 1845, cite que a produção do vinho de 1836 atingiu 5.000 mil a 6.000 pipas, «e por esse motivo ainda continuam a converter algum em aguardente e na saborosa andaia e boa angélica».

Existe em França, nos Baixos Pirenéus, uma povoação Hendaya, que poderá ter alguma relação com o nome da bebida, pois sabemos que pessoa antiga encontrou na Bélgica um licor um pouco semelhante.

Grande parte da produção dos vinhos eram convertidos em aguardente que os graciosenses exportavam para o Brasil e possessões de África, como cita ainda o mesmo autor.

A andaia é obtida na rectificação da aguardente, em alambique de fogo directo, no qual se suspende do fundo da caldeira um saco de pano ralo ou serapilheira, onde se introduz cidra, canela em casca e erva doce.

A cidra, casca de um citrino, vinha do Brasil conjuntamente com o açúcar mascavado, então produzido nos engenhos das roças brasileiras. Existem algumas receitas que além dos produtos citados o cravinho da índia, a noz mascavada, o funcho, a casca da laranja e do limão são também componentes.

 A andaia é um licor cujas matérias principais são especiarias, pelo que é uma bebida quente, altamente digestiva, à qual atribuem propriedades afrodisíacas.

O açúcar é junto na proporção de 250 gramas por litro de andaia e a bebida deve ser envasilhada em casco de boa madeira, onde deve beneficiar de envelhecimento, que não deverá ser inferior a um ano. *

Fonte: Revista Verdelho – ano 1997



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